Relatos de Aventuras

 

Expedição Represa dos Andes - A saga

Nova mensagempor JessicaGSilva » 04 Abr 2013

Amigos haviam planejado essa expedição há tempos. A verdade é que eu não tinha muito ideia do local exato da expedição, tinha apenas uma leve noção que era próxima a Pedra do sapo / Pedra Furada. Iríamos realizar o grande feito no domingo anterior, mas por questão de logística abortamos. Sem desistir da missão, adiamos para o outro fim de semana. Realizaríamos a trip no domingo como havíamos planejado. Tudo certo, mas o clima não estava ajudando. Dias antes, o tempo virou, sexta, sábado e a madrugada de domingo choveu, imaginei q a expedição seria abortada novamente, mas para minha surpresa, essa hipótese nem foi cogitada pelos veteranos.

Estavam todos animados, mas eu estava com certo receio, já fiz alguns trekkings, agora expedição era uma novidade singular. Mata fechada, previsão de chuva, nenhum integrante da trupe tinha experiência no local, se não por mapas, croquis, pesquisas e afins, alto índice de sermos surpreendidos por algum animal silvestre q habita o local, não havia “O guia”, mas sim quatro expedicionários, enfim isso evocava muitos riscos, não poderia ignora-los, por isso refleti bastante sobre minha presença nessa expedição. Inexplicavelmente queria ter essa experiência e topei. O grupo era composto por 4 loucos hehe. Em primeiríssimo o mestre Albino Cesar, mas conhecido como Carioca, um sábio bombeiro e veterano na arte de se embrenhar no mato, um legitimo contador de estórias e histórias e detentor de informações valiosíssimas sobre sobrevivência na selva, em seguida Marcus Vinicius, biólogo, dono de um humor comicamente ácido, responsável pela maioria das piadinhas feitas na trilha, Marcus tem uma habilidade impar de compartilhar seu conhecimento com os menos informados, uma excelente fonte para se sugar informações sobre comportamentos de animais e afins, logo em seguida Vanderlei Junior, mas conhecido como Bueno, o jovem bombeiro, cheio de complexos e medos, mas uma pessoa extremamente solicita, sempre pronta a ajudar e por fim, mas não menos anormal eu... uma estudante de psicologia, apaixonada por montanhas e trilhas, avida por aventuras e que ainda questionava a não importância da sua presença nessa expedição, mas enfim as 07 a.m me encontrei com a galera, meio atrasada e mancado pq havia esfolado meu calcanhar em uma trilha um domingo antes (nada q uma caixa de bandeides não resolva). Pegamos a estrada Mogi-Bertioga e fomos em direção a nossa aventura, agora mais aliviados pois a chuva já havia cessado e os singelos raios de sol lutavam entre as nuvens para dar o seu ar da graça naquele dia.


Chegamos ao começo de tudo, Posto da Balança, estabelecimento localizado na Rod. SP- 98, deixamos o carro por lá, tomamos um café e começamos a pernada pelo acostamento da rodovia em direção a Biritiba Mirim, onde realmente começaríamos a tão esperada expedição. Como havíamos chegado cedo, mantemos um ritmo leve. Uma hora depois chegamos à entrada q daria para trilha, uma propriedade particular abandonada, conhecida como “Vereda do seu Geraldo” . O que bloqueia a entrada da propriedade é uma cancela de ferro, mas o acesso é muito fácil, sendo possível fazê-lo contornando o bloqueio, pulando ou dançando macarena, isso fica a critério do aventureiro, nós resolvemos contorná-lo. Por uma infelicidade do destino, após ultrapassarmos parcialmente o bloqueio, a barra de ferro desabou no pé do Carioca, eu estava atrás dele, ficamos todos preocupados, mancando o Carioca sentou se próximo ao bloqueio, agora já dentro da propriedade. Não sabíamos qual era o estrago que o impacto havia feito nos seus pés. Rápido nos juntamos p/ auxilia-lo, quando de repente um grito espontâneo ecoa “Caralho, uma abelha” era o biólogo, uma abelha o havia picado, automaticamente ignoramos este fato e voltamos a total atenção para o Carioca, q neste momento abria a mochila para pegar algo q aliviasse a dor, mas novamente outro grito e em seqüência outro, e por fim o golpe de misericórdia “ É um enxame, corre dessa porra!”
Eu não faço ideia de como eu atravessei o bloqueio, mas corri metros pelo acostamento da rodovia, eram muitas abelhas, o barulho era irritante, ensurdecedor. A minha frente o Bueno corria como um desequilibrado, sacudindo as mãos em movimentos frenéticos acima da cabeça, largando a cargueira pelo caminho, tirando as blusas, eu corria desesperada fazendo movimentos brusco, o q me incomodava não era nem as picadas em si, mas aquele barulho insuportável q elas emitiam ao pé do meu ouvido, atrás de mim corria o Marcus. A cena era incomum e me fez rir, mesmo em meio ao caos. Corri praticamente a maratona são silvestre, e as abelhas já haviam parado de zumbizar no meu ouvido e de me agraciarem com seus ferrões, quando me lembrei do nosso companheiro q ficou caído, com uma possível fratura no pé, limitado, entregue aquelas malditas criaturinhas de Deus. Meu coração apertou, deixei um soldado ferido, de pressa comecei a retornar, de repente eis que a Fenix ressurgi em meio ao enxame, (um alivio enorme) Carioca corria em nossa direção, corria não, mancava, em suas mãos uma blusa de frio q era utilizada pelo msm para espantar as abelhas, girando incessantemente sobre sua cabeça, e para coroar essa cena, os movimentos dele eram acompanhados pela trilha sonora de buzinas do carros q passavam a mil por hora pela pista. (a cena era hilária ::lol4:: hahaha) Depois q nos aproximamos do alvo das abelhas (Carioca) corremos mais alguns metros para longe do coitado... pois ele praticamente carregava o enxame de abelhas na cabeça. Quando estava em uma distância segura, gritei p/ os meninos pedindo ajuda, mas a resposta foi unanime “ O repelente esta nas cargueiras, largadas em algum lugar no acostamento da estrada” mil vezes merda, foi quando tive a "brilhante" ideia de espantar as abelhas com um desodorante spray q sobreviveu na mochila q eu carregava em meio aquela loucura.
(Dica: Dias depois, li que em hipótese alguma deve se usar desodorantes ou spray contra as abelhas, fazer movimentos bruscos ou tentar afugentá-las, elas ficarão agitadas e consequentemente iram atacar com mais frequência, ou seja não faça o que fizemos!!, p/ mais dicas confira este link: http://www.abc.med.br/p/301385/picadas+ferroadas+de+abelhas+quais+sao+as+consequencias+como+se+proteger.htm,
É evidente que raramente imaginamos ser atacados por um enxame de abelhas, mas escute meu conselho, as abelhas existem e estão por aí, e quando menos se espera elas atacam :roll: então é bom manter-se informado)

Enfim eu não sabia nada disso, assim q comecei a perfumar as bonitinhas elas se afastaram (talvez não tenham gostado da fragrância). Novamente o Carioca nos alcança, dessa vez agimos como leais parceiros de equipe. Espantamos algumas abelhas q insistia em persegui-lo e verificamos se estava bem. Ele havia sido picado por muitas, mas inacreditavelmente manteve se calmo, e riu de si msm e da própria situação. Concluímos q acabávamos de presenciar um milagre, pois o pé dele havia sido curado instantaneamente. Nada como um bom enxame de abelhas p/ sanar qualquer fratura hahaha. Gracinhas à parte, graças a Deus nós não somos alérgicos, mas a dorzinha latente dos ferrões era inevitável.
O Marcus estava equipado com remédios antialérgicos, adrenalina e etc, mas o uso não se fez necessário. Depois daquele “Bom dia” q recebemos da mãe natureza, retornamos para o inicio de tudo a Vereda do seu Geraldo. A pergunta parou no ar... abortar ou não? A resposta foi consensual, estávamos vivos e bens, então optamos por continuar a missão. Entretanto surgiu outro problema, não era possível utilizar a msm entrada novamente, a colmeia de abelhas estava muito próxima a cancela e as danadas estavam muito agitadas, tínhamos q arranjar outro método para entrarmos, e assim o Carioca o fez fizemos, descemos um morro ligeiramente íngreme a esquerda q dava acesso a propriedade e entramos.

Nem tínhamos iniciado a trilha ainda e situações épicas já haviam ocorrido, mas aquele sentimento de chegar ao objetivo nos motivou a continuar a saga. A trip de inicio é muito aberta, é uma estradinha de pedras, não utilizada há tempos. Alguns minutos dentro da propriedade e encontramos pegadas frescas, supostamente feitas por uma suçuarana, segundo o biólogo. Tal acontecimento me amedrontou bem mais q o ataque das abelhas. Mas tínhamos uma missão q agora eu já sabia ao menos qual era hehe chegar a Represa dos Andes e depois do auê q passamos, me senti obrigada a cumpri-la. Se um ataque de abelhas não fez retrocedermos, não seria eu a causadora disso. “Entramos juntos e iremos sair juntos. Se alguém por qualquer motivo retornar, todos voltaremos” disse o Carioca com sua sabedoria e cabeça cheia de ferrões rs. Prontamente eu respondi “Claro q não, vamos continuar”. Precisava fazer jus a bandeira feminina já q eu era a unica representante da raça naquele momento. Sim, eu já estava com o coração na boca, “suçuarana, o q é isso, meu pai do céu? ” eu pensei. As pegadas eram grandes parecidas com as de uma onça, mas logo fui acalentada pelas informações do biólogo sobre o animal. (Para alguém q assim como eu, fez uma associação irracional errônea do nome suçuarana com alguma espécie de aranha (espero não ter sido a única a fazer essa relação. P.S. Esta associação foi feita antes de ver as pegadas na trilha) sinto informar, mas não tem nada a ver. A Suçuarana ou Puma Concolor, conhecido também como onça- parda, Jaguaruna, Leão da Montanha e outros, é o segundo maior felídeo neotropical, carnívoro, se alimenta de gados, carneiros, ovelhas, cervos, sendo capaz de digerir até roedores e insetos. Tem hábitos noturnos e tem o comportamento solitário, evita contatos com seres humanos, e é raro relatos de ataque a humanos)
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Suposta pegada de uma Suçuarana
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Essa ultima informação eu levei em consideração, e prontamente comecei a cantar, assim afastava qualquer perigo e me concentrava em outra coisa q não apenas em ser atacada novamente.
Rápido fizemos a travessia do córrego do lobisomem, córrego esse q tem seus encantos, água cristalina desaguando sobre as pedras. Mais a frente nos deparamos com duas casas abandonadas há muito, dignas de cenário de filme de terror, sem tempo a perder continuamos a pernada em meio a conversas e cantoria. A trilha se fechava e abria por diversas vezes. Durante o percurso alternávamos as nossas posições, mas enfim encontramos uma mais funcional, Carioca sempre puxando o ritmo, o Marcus vinha auxiliando na abertura da trilha com o facão (o acesso era complicado, o mato muito alto, era impossível ver onde se estava pisando. Acredito q há muito nenhum aventureiro se arriscava por aquelas bandas pq por diversas vezes tivemos que desfazer teias de aranhas, pois obstruía totalmente a nossa passagem) eu vinha em seguida mais tranquila pois eles acabavam assentado o mato e assim era possível visualizar onde estava pisando e o Bueno vinha atrás serrando fila. Fui compilada a carregar o GPS, a bussola e o mapa. Infelizmente não tínhamos o horário exato em que adentramos na trilha, depois de tantos acontecimentos, tal informação passou despercebido. Atravessamos um riacho, esse exigia um pouco mais de atenção, mas a travessia ocorreu sem problemas. Passos a frente já havia parado de cantar, após um alto índice de rejeição dos meus companheiros de trip hehe.
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Infelizmente as fotos sairam com péssima qualidade, pois foram tirados através de um celular.
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O lugar é maravilhoso, o silêncio era dilacerante, foi a trilha mais silenciosa q fiz até hj. O meu silêncio interno se consolidou com o silêncio do local, eu era capaz de ouvir nitidamente minha respiração, os pássaros, grilos, cigarras e os nossos passos que eram os sons mais brusco e barulhento naquele momento. Meu medo era do tamanho da minha curiosidade, e por mais q minha mente em alerta máximo anunciava “Corre daí antes q de merda” meus pés pareciam ter vontade própria. Eu nunca senti de forma tão intensa sentimentos tão ambíguos como o de almejar intimamente segurança e querer no ínfimo do meu ser continuar a me arriscar. Cada passo era deliciosamente torturante, mas era obvio q eu não iria ceder ao medo, me conheço o suficiente p/ saber q iria até as ultimas conseqüências.
De tempos em tempos parávamos p/ nos orientarmos e hidratarmos. Passadas a frente pegamos a coordenada da 1° bifurcação por GPS e bussola tudo estava ocorrendo bem, mas começamos a passar por algumas bifurcações das quais não estavam localizadas no mapa, resolvemos continuar em uma única direção, a coisa foi ficando estreita quando nos deparamos com uma bifurcação significativa. Tínhamos uma trilha praticamente aberta do lado esquerdo e outra extremamente fechada do lado direito. Recorremos ao GPS, mas não havia sinal, se optássemos pela esquerda, abriríamos mão de permanecer em uma única direção (que era a q achávamos ser a certa). O jeito foi fazer o reconhecimento da área. Carioca com sua habilidade e destreza rapidamente se embrenhou no mato sentido à direita onde a mata era assustadoramente fechada, e o Marcus se pirulitou na picada à esquerda. Os dois foram se comunicando pelo rádio, eu e o Bueno ficamos aguardando o retorno deles em frente a bifurcação e emitindo sons para q eles se localizassem. Nesse meio tempo já havia me tornado o prato principal dos borrachudos e outros insetos, praticamente bebi o repelente, mas não estava surtindo muito efeito. Ficamos parados ali por minutos q equivaleram há horas, até q ouço uma voz vindo em nossa direção, era o biólogo retornando e para a minha surpresa e desespero geral, trazia uma companhia um tanto inesperada, uma cobra. Sim, aquela cobra extremamente venenosa, do rabo fino. Ele nos informou q a encontrou no meio da trilha e q iria retirá-la de lá pq a cobra corria o risco de ser pisoteada, pois estava em estado letárgico devido aos dias intensos de chuva e a pouca exposição ao sol. Depois de uma aula de biologia, o Marcus perguntou se gostaríamos de manipula-la até um local seguro, nos alertando a forma certa de pega-la, pontuou que não correríamos nenhum risco. Confesso que o meu medo instinto de sobrevivência falou mais alto e optei por apenas acaricia-la p/ sentir a textura da pele.
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O Carioca retornou depois de alguns minutos, enfatizou q o acesso pela picada à direita era inviável, o próprio não conseguiu retornar pelo mesmo caminho q entrou, tendo q criar uma saída alternativa. Então optamos em seguir pela esquerda. Permanecemos nessa direção por um longo tempo. Por diversas vezes tive a sensação de q alguma abelha havia entrado em meu ouvido, pois aquele zumbido insuportável emergia no silêncio, fiquei meio perturbada e achava q a cada segundo seria atacada novamente pelas abelhas ou pisaria em uma cobra ::tchann::
As vezes o Carioca tinha uns insight dizia q estávamos no caminho certo.
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Um abrigo encontrado no caminho
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Nem abelhas, cobras ou suçuarana, a companhia da vez foi este sapo mal-humorado
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Ficamos empolgados com os insight e aceleramos o ritmo, uma chuvinha fina começou a cair, nada q incomodasse pois a mata já estava bem úmida, fizemos uma parte do percurso ao som de uma correnteza bem próxima a trilha q deduzimos q desaguasse no rio sertãozinho. Atravessamos pontilhões, alguns feitos de base de ferro e outros feitos com troncos de arvores, muito provável q tenham sido feitos para viabilizar a passagem de veículos na época em q faziam uso daquela estrada, mas os troncos das pontes em sua grande maioria estavam podres e partidos ao meio, tivemos q passar cuidadosamente, pois não tínhamos muitas opções de apoio, tendo que alternarmos as pisadas entre apenas dois troncos e p/ ficar melhor, os troncos estavam cobertos de limo e extremamente úmidos, a baixo dos nossos pés o afluente de algum rio. A frase “Movimentos friamente calculados” foi realmente utilizável nesse momento.

Transcendemos mais um obstáculo, mas logo surgiu outro, outra bifurcação. A chuva fina caindo e mais uma escolha a se fazer, sem GPS, “sem” mapa, sem direção.... “Não estamos perdidos, podemos retornar a qualquer momento, mas também não temos ideia da onde estamos e onde iremos chegar. Vcs decidem o que fazer” disse o Carioca, cruzamos os olhares e a resposta era evidente, decidimos comer ::mmm: kkk Antes de continuarmos com esse eterno dilema era importante nos alimentarmos e assim fizemos.
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Ironicamente almoçamos enfrente a bifurcação
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Comemos carne enlatada com milho e legumes, carne esta q o Carioca fez propaganda o dia todo, eu não curti muito o gosto, mas me alimentei bem, afinal cavalo dado não se olha os dentes rsrs
Todos plenamente satisfeitos, voltamos p/ o grande impasse, direita ou esquerda. Optamos pela esquerda, e neste sentido havia muitos rastros de trilhas alternativas feitas por animais silvestres, um forte cheiro de urina (fato q rendeu algumas piadinhas) percebemos q estávamos em um território demarcado, hora de zarpa dali e assim fizemos, voltamos p/ bifurcação e fomos todos p/ direita, andamos e andamos. Havíamos combinado de q se até 13h30min. não encontrássemos a Represa ou um sinal de q estávamos na direção certa, retornaríamos, pois o relógio super, blaster barométrico do Carioca, apontava q iria chover. Já era 14 h. e pouco, envolvidos na trilha nem tínhamos notado q já havia passado da hora de retornarmos.
Sem saber p/ onde ir ou onde estávamos, com a probabilidade gigantesca de chuva forte na região e nenhuma orientação pelo mapa ou GPS resolvemos retornar.
A volta foi bem tranquila e rápida, o retorno foi em outra vibe, me senti como se já fizesse parte daquele ambiente, totalmente diferente da ida, q cada passo era uma exploração. Confesso que no retorno me senti até meio idiota por ter ficado tão apreensiva quanto a minha presença naquele lugar. A vida naquele local é tão autônoma que entendo nossa presença naquele dia como algo indiferente aos dinamismo natural. Os únicos seres q fizeram questão de expor seu protesto quanto a nossa presença foram as abelhas, maribondo e borrachudos.
Infelizmente não alcançamos o nosso objetivo, mas estamos com projetos e iremos retornar em breve p/ dar continuidade a essa grande experiência. É fato q saltar de um avião em movimento, despencando a mais de 200 km p/h não me deixou tão insegura quanto embarcar nessa aventura.
Este contato real com a natureza sempre me motiva a laçar-me ao inesperado.
Mesmo ciente dos riscos eu decido arriscar, pq intimamente eu sei q vai valer apena, sempre vale!









Aventuras em buracos

Retorno à Gruto de Beltenebros


Aventura de: Jorge Soto
13/08/2012 - 20:13

Não deu nem duas semanas de nossa iniciação “cavernosa” ao pitoresco Complexo de Beltenebros, região serrana de Biritiba-Mirim, q estes dias nos vimos perscrutando seus fundos e esguios corredores de rocha novamente.
 A oportunidade surgiu qdo recebi o convite irrecusável do Carioca e do Tuca em acompanhá-los numa exploração mais minuciosa dum setor desconhecido até mesmo por eles. O resultado da empreitada foi a descoberta de novas rotas subterrâneas, além de imponentes grotas recém-batizadas de Gruta das Aranhas e do Cheiro Verde. Uma autêntica e quase-viagem ao centro da Terra q só não se prolongou com novos achados por conta de um risco pra lá de considerável: o local estava infestado de aranhas armadeiras, cuja reputação é de ser a mais letal do mundo!
O relógio marcava exatas 8:15hrs e um espesso brumado tomava conta da paisagem qdo chegamos no portão de entrada do Sitio Serra Verde, situado as margens da Estrada da Adutora. O quarteto explorador da vez era composto por este q vos agora escreve, o Albino Cesar (http://rumoselvagem.blogspot.com.br) e o Wellington Carvalho (http://sentidobrigatorioaventuras.blogspot.com.br) , respectivamente Carioca e Tuca. Fechando o grupo e conferindo-lhe seu charme feminino estava a Vevê, convocada não somente pela sua disponibilidade naquele dia mas principalmente por demonstrar uma assumida paixão pelo Conjunto Beltenebros na ocasião da nossa primeira incursão, semanas atrás.
E claro, pra otimizar o tempo de exploração naquele dia enxuto apenas duas mudanças em relação àquela empreitada anterior (já relatada detalhadamente noutra ocasião) foram necessárias: chegamos ao sopé da serra de carro, economizando assim um tempo precioso de entediante estrada de terra, a partir do bairro rural de Manoel Ferreira; interceptariamos a vereda principal da Pedra do Sapo mediante outra picada q nasce do sitio acima mencionado, abreviando assim consideravelmente o trajeto total. Desnecessario mencionar q este acesso através de propriedade particular requer a autorização dos donos (ou caseiros, no caso), coisa q o Tuca e Carioca conseguiram anos a fio, na base da confiança e respeito mútuos.
Pois bem, após sermos gentilmente recebidos pela simpatia da Dna Leonice e da espivetada Maria Eduarda, q prenderam os enormes cachorros q tomam conta do belo sitio, estacionamos o veiculo e imediatamente arrumamos as tralhas pra trip daquele dia. O caseiro, Raimundo, não se encontrava naquele momento e só estaria ali durante a tarde. A névoa úmida  acentuava a sensação de frio qdo mergulhamos na mata fechada, subindo forte atraves da discreta (e recém-roçada) picada q nasce próximo do laguinho principal. “O termômetro marca 13 graus!”, falou o Carioca, enqto encabeçava a fileira do nosso destemido quarteto e ajeitava a enorme corda em volta do corpo.
A subida arrefece e nivela assim q a vereda intercepta a principal, as 8:30hrs, numa encruzilhada assinalada por um espesso bambuzal. A partir dali o caminho é conhecido pela gente e o cenário já nos passa a ser familiar. O canto metálico das arapongas se funde ao murmúrio de um riacho nalgum vale próximo, servindo de trilha sonora pra nossa caminhada q ate ali é totalmente tranqüila e desimpedida. Quebrantando este som ambiente esta a animada conversa do Tuca e do Carioca, q no decorrer de td trajeto desfilam os segredos daquela floresta, valendo-se de valiosos e imprescindiveis conhecimentos de seus cursos de resgate e sobrevivência; assim como se queixam da proliferação dos tais “Guias-Rambos” sem qualificação alguma adentrando no mesmo nicho de mercado deles, colocando irresponsavelmente em risco a própria clientela. “Nego acha q basta ter um GPS e sair guiando gente por ai, onde der na telha, sem equipo apropriado pra rapelar ou até trilhar!”, reclamam. “Se der alguma m.. nem eles sabem como resolver! E ai eles despudoradamente chamam a gente, q ta bem melhor equipado!”, emendam.
Após chegar numa importante (e discreta) bifurcação e subir atraves de uma picada onde o mato ameaça cobri-la em breve, finalmente as 9hrs desembocamos á margem da “clarabóia” principal do Conjunto Beltenebros. A dita cuja na verdade é uma enorme grota resultante dum desmoronamento de gigantescas pedras de granito, da qual nascem uma intrincada rede de buracos, fendas e abismos, q se ramificam em tds as direções! Percorrer o topo é andar constantemente em armadilhas, pois o chão é instável e, coberto de folhagens e alguma terra, esconde armadilhas traiçoeiras a td instante. Por isso td cuidado é pouco. Áquela altura o nevoeiro já havia se dissipado totalmente, e os raios do sol matinal eram maravilhosamene filtrados pelo espesso arvoredo do entorno.
Mal chegamos e a primeira coisa a fazer é explorar o setor da extrema direita à “clarabóia”. Descendo então uma encosta do morro, nos firmando em raizes, tocos e alguma vegetação, logo damos ao sopé de um enorme pedrão do qual pendem trocentos cipós. Olhando bem ao sopé do mesmo avistamos um buraco bem promissor e imediatamente estamos do lado dele, após contornar outro menos amigável no caminho. Foi ai q o Tuca lançou a corda e se pirulitou com uma habilidade q deixaria qq tatu profissional enrubescido, apenas pra chegar a conclusão q a grota era pequena e não havia muito o q explorar em seu interior. Ainda assim, eu e a Vevê fizemos questão de adentrar naquela minúscula lapa apenas pra nos familiarizar com corda, luvas, capacete e demais apetrechos q complementam qq incursão “cavernosa”. E extremamente necessários, diga-se de passagem, como depois sentiríamos na pele.
Pois bem, dando uma vasculhada superficial por este setor – onde unicamente topamos com uma cobra-verde -  chegamos a conclusão q daquele lado encontra-se o trecho mais compacto (e menos esburacado) de td Beltenebros, o alto do morro. E q se quizessemos explorar cavernas e abismos maiores teríamos q tender pro setor à esquerda da “clarabóia” principal, ou seja, o q corresponde ás encostas mais baixas da serra onde as enormes rochas tenderam a repousar definitivamente. Ali sim q era um verdadeiro “queijo suíço” de puro granito!
Em comum acordo, decidimos então penetrar pela abertura  principal, chegar no fundo e dali tocar pra setores mais baixos, conforme essa possibilidade fosse mais viável, seja pelas fendas, quebra-corpos e corredores no caminho! E nossa saída seria por qq greta q desembocasse na mata, já na encosta. Pois bem, Tuca ancorou a corda firmemente no poderoso arvoredo do entorno enqto a gente se preparava de acordo. Não estava acreditando: desta vez adentraríamos ao fundo daquela “clarabóia” q limitara nosso acesso a vez anterior apenas a niveis intermediários! Mas era aquela coisa... o acesso seria feito mediante um rapel de menos de 30m, algo q nunca tinha feito na vida! E pelo olhar de ansiedade da Vevê, parece q tb seria seu batismo nesse sentido. Sim, a altura não era tanta assim, mas pra gente aquela distância q nos separava, ali do alto, do fundo da grota correspondia ao tamanho do World Trade Center.
Divididos entre a excitação e o medo, eu e a Vevê então ocupamo-nos em atos triviais: ajustar cadeirinha, conferir nós, testar a corda, etc. Tuca e Carioca nos passam as coordenadas básicas do rapel e o processo de soltar-travar a corda, com uma naturalidade e tranqüilidade q deixariam Jó orgulhoso. Mas chega enfim a hora da verdade. Tuca se pirulita na frente e num piscar de olhos já ta la embaixo. “Quem vai primeiro?”, pergunta o Carioca, me encarando.
Damas na frente!”, retruco sem pestanejar devolvendo o olhar p/ Vevê, tentando adiar o inevitável. “Nossa, q cavalheiro!”, devolve ela, com um sorriso tendendo pro amarelo. Pra ser sincero, tava assumidamente me borrando de medo e com c* na mão, uma vez q sempre fui pé-no-chão e tds minhas tentativas de evocar uma lagartixa profissa foram desastrosas. “Q bom, pois o medo é o regulador da coragem!”, ouço o Albino dizer.
Mas, surpreendendo a si mesma, Vevê fez o rapel numa boa me deixando com a obrigação mais q moral de seguir em seu encalço. Td e qq tentativa de desistir ali tinha ido água abaixo pra este q vos escreve, motivo pelo qual agora teria de honrar necessariamente minha dignidade masculina. “Ai, ai, ai! Seja o q Deus quiser!”, pensei comigo mesmo. E lá vou eu. Agarro a corda entre as mãos, inclino o corpo de modo a deixá-lo perpendicular à parede. A gravidade fez o resto. Desço um pé por cima da borda do abismo, e então o outro. A rocha, coberta de limo escuro, está escorregadia. Logo abaixo apoio meu velho e surrado tênis Timberland  sobre uma lâmina rochosa mais aderente. Desco mais um metro, as pernas bem afastadas pra não perder o equilíbrio e pendular pela parede escura de granito, q se esparrama verticalmente na minha frente. A “clarabóia” do abismo então fica cada vez menor e distante, enqto continuo a descer com uma calma q os olhos desmentem. Apesar de td, conforme  perco altura começo a me familiarizar mais com a jogada de mãos nesse lance de “freada-equilibrio”, o q me dá um pouco mais de confiança. Sentindo mais segurança no processo, apresso um pouco mais o “paso” e logo me vejo num trecho negativo. Os pés agora já não encontram a rocha e é preciso deixar o corpo na vertical calmamente, de modo a não pendular e meter a fuça na rocha. Mas a Vevê segura firmemente a corda la embaixo e o restante da descida se dá da forma mais tradicional possível, isto é, num salto. Uffaaa! Passei no meu primeiro (e quiçá último, sei lá) rapel!
Qdo o Carioca juntou-se á trupe nos preparamos pra vasculhar so vãos e fendas q dali ramificavam-se em varias direções. Estávamos num gde “salão”, por assim dizer, cercados por enormes muralhas verticalizadas e arredondadas. O silencio sepulcral era apenas rompido pela nossa conversa e pelo gotejamento constante de umidade oriunda do teto. Foi qdo ouvi o Tuca, q tava na dianteira da fila, dizer q tinha visto algumas aranhas-armadeiras no caminho. E qdo uma delas, por instinto defensivo, levantou os dois primeiros pares de pernas, á nossa aproximação, erguendo o corpo em posição ereta, foi q ele mencionou a real noção do risco no qual estavamos metidos. Pior. Ao olhar com mais atenção as paredes a nossa volta, os fachos das headlamps revelavam não apenas uma mas inúmeras armadeiras próximas da gente, devidamente mimetizadas na rocha.
“Caralho! Esta porra ta cheia de armadeiras! Vamo sair daqui rapidinho!”, alertou o Carioca, demostrando seria preocupação. Ambos nunca tinham visto tanta aranha daquelas concentrada num lugar só e chegaram a conclusão q a caverna era um gigantesco “motel”, pois devia ser era época de acasalamento das bichinhas, q gira nos meses secos de inverno. “Ué, mas são apenas aranhonas! Basta desviar delas, não?”, falei ingenuamente. Só depois q o Carioca desfiou td currículo da peçonhenta é q revi consideravelmente essa minha vontade de prosseguir a exploração em niveis mais estreitos sem a devida segurança. Pra quem não sabe, as aranhas-armadeiras brasileiras aparecem no Guinness World Records 2010 como a aranha mais venenosa do mundo. Do gênero Phoneutria (do grego, "Assassina"), podem crescer até ter uma envergadura de até 15cm, tem hábitos noturnos e adoram se esconder em lugares escuros e úmidos. Bingo! Mas o pior mesmo é seu veneno, q contem uma poderosa neurotoxina q causa dor intensa, inflamação, além de perda do controle muscular e problemas respiratórios. Não bastasse “apenas” isso, a picada provoca priapismo em seres humanos.
Pria-o-quê?”, perguntei. Sem mtas delongas, a picada provoca desconfortaveis ereções q podem durar horas e podem levar à impotência. “Opa, então vamo embora daqui rapidinho!”, falei, uma vez q a última lembrança q queria levar dessa aventurinha era uma desagradável e inconveniente disfunção erétil. “Ficar broxa, tô fora!”, concluí. É, rir de nervoso é o melhor remédio..
Foi ai, sentindo na pele, o motivo de td exploração de caverna se dar devidamente trajado de macacão grosso e luvas, indumentária q sempre julguei “frescura”, crente q era pra não se sujar. Pois bem, reconheço q minha ignorância total em espelologia me expôs a risco desnecessário na trip anterior.  Isso se levarmos em conta q estava ali, de bermudinha bem curta com as pernas e braços totalmente expostos, dando moleza pras mortais aracnideas! Vale salientar tb q as luvas não servem pra apenas p/ evitar contato com bichos peçonhentos como tb com fezes de morcego, já q alguns são hematófagos e transmitem a raiva.
Pois bem, a exploração daquele setor e das gretas q dali havia tinha sido abortada, sem dúvida. Nossa prioridade era sair dali, e rápido. Felizmente, do salão principal vislumbrávamos uma luminosidade bem á nossa esquerda, ao longe, emoldurada por verdejante mata. Era sinal q seria nossa saída emergencial. O problema era chegar até lá. Um estreito e acidentado corredor rochoso repleto de aranhas venenosas nos separava da segurança do mundo exterior. Tão longe e tão perto. Eis a ambigüidade q carateriza as cavernas. Anda-se horas a fio nelas não pela distancia e sim pelos obstáculos naturais a serem superados.
“Ilumina e olha bem onde vai encostar ao passar, Tuca!”, disse o Carioca. Lá ia td mundo em fila índia, dando cada passo de forma calculada e metódica, naquele chão q se alternava ora de rocha granítica ora coberto por folhagens ou sedimentos trazidos pelas enxurradas. E assim, lentamente, fomos avançando naquele estreito corredor, emparedados por pura rocha, vencendo alguns poucos lances de desescalaminhada. Claro, após avaliar trocentas vezes a superfície onde nos apoiaríamos, evitando a td custo aquela q estivesse com armadeiras. Mas felizmente a maior parte do trajeto foi na horizontal onde apenas tínhamos a atentar ás paredes nas quais teriamos q nos segurar ou firmar, e assim seguir em diante, aos poucos. Portanto, nada melhor q apelidar àquele setor de Beltenebros de “Gruta das Aranhas”, com td e total propriedade!
Respiramos aliviados assim q alcançamos a tal “luz no final da caverna”, emergindo num trecho da encosta coberta de vegetação mas igualmente repleta de fendas e gretas no meio dela! Estavamos no tal “queijo suíço” acima mencionado! Carioca foi na frente, rasgando a mata no peito (e no facão, qdo necessário) tateando bem o terreno antes de dar o paso sgte. Nesse cauteloso processo de saltar de pedra em pedra perdemos altitude de forma imperceptível até ganhar terreno de chão firme num patamar inferior daquela encosta serrana, e com vegetação de facil transposição. Dali podíamos observar a sequência de enormes rochedos tombados montanha abaixo revelando novas e incríveis grotas. E foi pra lá q nossas energias e intenções de exploração foram direcionadas.
Chegando bem próximo da entrada das fendas, escondidas em meio às arvores e à mata em volta, avistamos uma enorme fenda espremida entre rochedos gigantescos quase similar à palmilhada anteriormente. Estendendo-se no sentido leste-oeste, ou seja, acompanhando a linha da encosta, esta super-grota logo encantou nossos anfitriões não somente pelo fato daquele lugar ser novidade mas sim pelas possibilidades ali avistadas. Tentamos aceder por um trecho onde bastou desescalaminhar umas pedras mas onde o avanço não foi alem disso. Nas frestas, outra aranha redobra nossa cautela mas q desta vez era desnecessária. Não era uma armadeira e sim um “Opilião”, um aracnídeo inofensivo q vive em ambientes subterrâneos. Parecida com a armadeira mas com alguns detalhes sutis q a diferenciam de sua prima letal, pra mim eram a mesma coisa, motivo pelo qual bastava ver qq bicho com oito pernas esguias e compridas q desviava rapidinho o dito cujo.
Td indicava q alguém teria de retornar pra buscar a corda pra nos auxiliar na exploração qdo notamos q, contornando pela mata um enorme bloco desmoronado, era possível sim alcançar aos poucos o fundo da tal grota, na unha! E assim fizemos! Equilibrando-nos sobre pedras e nos firmando na mata em volta, dessa forma alcançamos patamares inferiores ate chegar num estreito corredor de mais pedras desmoronadas!  A primeira coisa q nos chamou a atenção foi o odor do lugar, q me lembrou imediatamente dos aromas sentidos em qq feira de rua. “Caraca, cheiro verde! Ta sentindo?”, alguém disse. Td mundo concordou, e assim aquele lugar recebeu o nome provisório de “Caverna do Cheiro Verde”. Outro detalhe interessante foi o fato da bússola endoidecer ali, indicando gde presença de algum minério de alto poder magnético.
Desescalaminhando mais alguns lances de pedras chegamos, enfim, num trecho onde o único trecho pra aceder a continuidade da grota era atravessando um estreito buraco onde mal passava um adulto acima do peso! Tuca foi na frente, avaliando a superfície da fresta e fazendo um pente-fino com a lanterna atrás de armadeiras. Sinal verde! Na sequencia foi a Vevê e eu, logo depois. Carioca fechou a fila. Este trecho francamente não recomendo a pessoas mais gordinhas ou q tenham problemas com exíguos espaços. Primeiro tivemos q nos contorcer e rastejar um pouco, feito serpentes, até dar num setor onde ao menos havia maior liberdade de movimentos. Ainda assim havia q prosseguir agachado ou sentado, de onde saímos bem imundos. E claro, uma parede mais baixa nos lembra q estamos usando capacete.
Após este trecho estreito emergimos num corredorzão rochoso q dava continuidade á grota, num patamar inferior, onde era possível ficar novamente em pé! Uffa! A partir daqui o avanço foi mais rápido, embora isso seja algo relativo em cavernas. O breu so não era total e a iluminação escassa se restringia aos poucos raios q penetram, no alto, por aberturas nas rochas superiores. O gotejamento constante a nossa direita acaba revelando um mirrado córrego subterrâneo q acompanha a direção da abertura principal, espremido ente o chão e o teto da mesma.
Mas como alegria de pobre dura pouco, não demorou pras armadeiras começarem a dar o ar da graça nas paredes novamente, camufladas pelo tom acizentado-escuro do granito. E a medida q teimávamos avançar sua qtidade parecia elevar-se exponencialmente. Até ali apenas desviávamos delas numa boa, mas qdo começaram a obstruir nosso avanço é q o bicho pegou. E não eram armadeiras pequenas, eram umas do tamanho de nossa mão aberta. “Putz, essas enormes devem ter gde qtidade de veneno!”, alertou Carioca. É, nossa exploração chegara apenas até ali. Tuca ate arriscou ir um pouco além, apenas constatando q mais a frente o corredor rochoso tinha continuidade, mas estava infestado das bichinhas. É, sem a devida proteção sem chance de prosseguir caverna adentro.
Retornamos então pelo mesmo lugar, mas saindo por outra fresta na rocha a meio-caminho, emergindo um patamar acima, próximo da mata. Um corredor ascendente entre as pedras remanescentes já revelava o caminho pra sair daquele mundo de rocha, gretas e abismos. É verdade, estavamos possuídos por um sentimento q misturava frustração por terminar ali, mas misturado ao de satisfação de ter adentrado seguramente onde ninguém decerto já esteve. Num piscar de olhos nos vimos rasgando mato no peito, contornando o morro em meio á afiadas bromélias, inicialmente subindo até a cumieira pra depois tender perder altitude num trecho de encosta conhecido.
Enfim, por volta das 13:30hrs estavamos novamente as margens da “clarabóia” principal, onde deixamos td nosso material despreocupadamente. Após um delicioso lanche arrumamos as coisas e retornamos pelo mesmo caminho feito naquela manhã. Desnecessario mencionar q a volta é sempre mais rápida q a ida e assim um pouco depois das 14:20hrs já estavamos nas dependências do “Sitio Serra Verde”, onde o Seu Raimundo nos recebeu como se fossemos seus filhos, em meio a robustos marrecos circulando pelo fofo gramado. Simpático e falador como ninguém, este senhor nos mostrou quase td o sitio, orgulhoso: desde os 60 tipos de grama disponível ao gado q ali pastava despreocupadamente; uma curiosa toca de pacas ao lado do casarão principal; uma cachu (artificial), ideal pra banho em dias quentes; e as demais dependencias do resto da fazenda, onde o abastado dono recebe seus amigos, com direito á ofurô particular. Não bastasse isso, nos mostrou o Chicão, uma cobra-do-milho de estimação e um loro q canta o hino nacional! Sem mencionar nas valiosas dicas de outros picos próximos, em especial uma tal de Pedra Branca, algo q despertou meu interesse. E pra coroar nossa breve passagem pela fazenda o Raimundo nos ofereceu não somente degustação de uma deliciosa pinga de Cambuci, q eu e a Vevê mandamos ver, como presenteou td mundo com garrafões entupidos de leite fresquinho, tirado das vaquinhas naquela manhã! “É pra q alguem o aproveite, senão estraga se permanecer aqui guardado!”, diz ele.
Meia hora depois pegamos o carro, dando adeus aos nossos gentis anfitriões, pra então tomar o asfalto da Mogi-Bertioga rumo Suzano. Uma vez la ainda paramos no centrão pra beliscar e bebericar mais alguma coisa. Nos despedimos então do Carioca e, em Guaianazes, do Tuca. O resto da volta foi ate mais rápido q o previsto, onde felizmente chegamos à Terra da Garoa ainda cedo, com tempo suficiente de aproveitar o resto daquele produtivo e emocionante dia de explorações “cavernosas”. Voltar a Beltenebros outra vez? Sem duvida, mas agora com a devida proteção e segurança, ou fora da época de acasalamento das aranhas-armadeiras, claro!
Diferente das famosas cavernas de calcário do Petar, o Conjunto granítico de Beltenebros realmente pode parecer modesto e acanhado. Mas não menos interessante. Mesmo consistindo basicamente numa intrincada rede de fendas, grotas, corredores e abismos, resultantes de um desmoronamento de rochas gigantescas duma época incomensurável, o local não deve em nada em aventura a suas ilustres parentes do Vale do Alto Ribeira. A emoção de entrar neste admirável e silencioso mundo de trevas é a mesma: uma experiência q une mistério, fantasia, ansiedade e até medo, e são parte dos desafios a serem vencidos; tal qual os obstáculos físicos q surgem na frente, q por sua vez são superados mediante muita escalaminhada ou rastejando feito calango. Mas isso td no final certamente nos gratifica por revelar uma surpresa atrás da outra. Surpresas estas q tem um gostinho especial  qdo as cavernas em questão são totalmente primitivas, inóspitas e desconhecidas.




Pequena notavel

A Cachu do Quilombinho


Aventura de: Jorge Soto

Afluente menor do majestuoso Rio Quilombo, o Rio Quilombinho corresponde ao primeiro gde córrego q cruza a “Trilha dos Carvoeiros”, despencando serra abaixo de forma tão imperceptível qto discreta. Negligenciado e até desprezado em prol de outras veredas do entorno, o trajeto deste simpático regato detém uma respeitável queda q não deve me nada as q pontilham a tradicional “Volta na Serra”, e q guarda gde semelhança com outra cachu mais notoria da região, a Pedra Lisa. Falamos da Cachu do Quilombinho, queda de relativo facil acesso q foi apenas uma das atrações dum circuitao pesado (e quase 500m de desnível) q percorreu td Rio Quilombinho ate o fundo do vale q lhe empresta o nome, e retorna pela vereda do “Rancho 71”. 

          O sol brilhava radiante no alto daquela manhã  dominical isenta de qq vestígio de nuvens qdo desembarcamos do latão, as 8:45hrs, em Paranapiacaba. Imediatamente eu, Vivi, Fabio, Vevê e Lucas pusemos as pernas p/ trabalhar, rasgando a pitoresca vila inglesa, q por sinal recém despertava pra receber seus visitantes daquele dia promissor. O Fabio acionou prontamente seu aparelhinho de posicionamento global, q marcava exatos 740m de altitude. No caminho, um pulguento com alguma mestiçagem de beagle colou no nosso vácuo, e como nossos esforços em afugenta-lo mostraram-se infrutíferos acabamos nos conformando com a idéia dele agregar um “charme pet” ao nosso intrépido quinteto. Por falta de criatividade ou nome melhor, batizamos o novo e peludo integrante de Totó.
Num piscar de olhos deixamos a vila pra trás, colocando então os pés na tradicional Estrada do Taquarussu, bucólica via palmilhada vezes sem conta e porta de entrada de inúmeras aventuras vindouras pela região. Em tempo, um curioso detalhe chamou a atenção da galera qdo tds repararam a ausência de botas do Lucas. “Ele vai fazer a trilha descalço!”, disse Vevê. Tds achavam q ela estivesse tirando onda, mas não é q o rapaz a meio caminho retirou um frágil All Star e começou a saltitar feito gazela pelo cascalho da precária via? “Ok, só quero ver na hora q tivermos q varar mato, pisar em bromélias ou andar por terreno agreste! Ta fudido!”, pensei. Como cada louco tem sua mania, percebemos q o Lucas queria a td custo fazer jus à sua fama de “Mogli, o Menino-Lobo”. Então tá, né?
O frescor matinal daquela estrada revigora ate o mais desestressado ser humano, e isso embalado em agradavel e prazerosa conversa faz o tempo passar voando. Resultado, qdo demos conta já havíamos serpenteado quase 3km, tropeçando finalmente com a entrada da famosa “Trilha dos Carvoeiros”, as 9:30hrs. Mergulhamos enfim na mata a paso firme e determinado, tendo como trilha sonora o canto metálico das arapongas brindando ao novo dia. O Totó td elétrico e serelepe se pirulitou na dianteira, eventualmente adentrando na mata da encosta afim de surpreender alguma rolinha ou bicho qq no mato, pra depois retornar correndo e reivindicar outra vez sua posição como “guia” oficial da pernada.
As 10:30hrs interceptamos a famosa “bifurcação das bananeiras”, pto de referencia fundamental da região e divisor de destinos do Vale do Quilombo. Tomando a esquerda, em menos de 5min desembocamos no borbulhante e cristalino regato chamado de Córrego Quilombinho, a exatos 970m de altitude, alcunha pelo qual o conheço desde meus primeiros rolês pela região. É aqui após uma merecida pausa de descanso e de molhada de goela, abandonamos a picada em favor das nascentes do referido curso dágua. A idéia era a sgte: descer td o riozinho até o fundo do vale, algo q nunca havia feito antes; e uma vez no Rio Quilombo avaliar a possibilidade (conforme o tempo de luz natural ainda disponível) de retornar por alguma outra trilha conhecida, realizando um circuito exploratório. Na pior das hipóteses retornaríamos pelo mesmo caminho, se o tempo estivesse apertado demais. Pronto, resolvido.
Dito e feito, pusemo-nos a chapinhar pelo Rio Quilombinho, q neste trecho inicial é bastante raso e se mantem em nível por um bom tempo, sem gde desnível ou perda de altitude. Apesar das pedras afloradas e pouco volume, tds sem excessão enfiaram a bota na água, principalmente por causa ardiloso limo q deixava as rochas lisas feito sabão. É, era melhor pisar na segurança do fundo do regato a andar pelas rochas q alem de escorregadias, apresentavam-se soltas. Apesar disso, o avanço foi bem satisfatório, onde a desviada de mata tombada no caminho era recompensada pelas pequeninas quedas de encosta q somavam sseu precioso liquido ao regato então palmilhado. Isso sem falar no estupendo visual do próprio rio em si, iluminado parcial e maravilhosamente pelos raios filtrados pela densa vegetação em volta.
Pois bem, não deu nem 20min percorrendo o sinuoso rio sem gde desnível qdo tropeçamos com uma batida e bem-vinda picada q o cruzava perpendicularmente! Essa vereda foi um gde achado pois alem de evidentemente acompanhar o Quilombinho pela esquerda, facilitaria horrores a descida qdo a declividade apertasse. A curiosidade ficou por conta de proveniência ou origem dessa picada, e de onde ela daria se tomássemos o ramo da direita. Pronto, esta dada a dica pruma próxima empreitada exploratória.
Mas como nossa idéia era descer o rio, não pensamos duas vezes e tomamos a picada pela esquerda. E assim fizemos, percorrendo a óbvia trilha onde o avanço progrediu mesmo. Bem roçada e ausência de qq vestígio de lixo, a vereda acompanha o Quilombinho o tempo td, sem se afastar dele. Eventualmente o intercepta e tangencia, nos obrigando a saltar de pedra em pedra, mas logo ela é reencontrada adiante, onde retoma o mesmo caminho e ritmo anterior. Nalguns trechos vivivelmente percebe-se estarmos percorrendo uma suave crista descendente, com mato caindo de ambos lados. Nessas horas temos a impressão dos horizontes se abrirem bem a nossa frente e descortinarem o visu do litoral, mas a espessa vegetação do degrau serrano sgte se encarrega de nos privar desse privilegio. Aos poucos, o rio q ate então marulhava mansamente torna-se mais barulhento, sinalizando um terreno mais acidentado q o anterior.
Mas td q é bom dura pouco pq aos poucos o terreno começou a inclinar, inclinar e inclinar, ate q finalmente a vereda embica pra baixo numa piramba quase vertical, onde td cuidado é pouco. O chão de terra ora mostra-se instável ou escorregadio, nos obrigando a segurar no arvoredo ou qq mato firme ao redor. Simultaneamente à brusca queda de serra, q é vencida em sucessivos ziguezagues ingremes, ouve-se um poderoso rugido ao lado vindo do rio, q aumenta conforme avançamos na trilha. E é ai em meio a vegetação q tenho um leve vislumbre do véu alvo de uma enorme cachoeira bem ao nosso lado! “Pára tudo, galera! Vamo dar um visu nessa queda!”, falei pros demais, q descia a serra no piloto automático. Pô, uma bela cachu bem do nosso lado não podíamos deixar passar batido, né? Bastava apenas saber q ainda era cedo e q com a trilha chegaríamos em tempo hábil ao fundo do vale.
Abandonamos então a trilha em favor de um caminho dagua coberto por algum mato, mas facil de transpôr, e logo nos vimos as margens do Rio Quilombinho, q aqui despenca em meio as pedras numa sequencia de quedas bem mais furiosas q lá em cima. A cachu é perfeitamente visível e seu véu reluz lindamente à luz daquele horário, e pra alcançar sua base basta ou escalaminhar as gdes e escorregadias rochas no caminho ou se embrenhar pelo mato da encosta, q é por onde a maioria decide ir.
Finalmente, as 11:40hrs emergimos da mata pra desembocar no simpático pocinho na base da Cachu do Quilombinho, onde nos brindamos com um merecido pit-stop pra descanso e contemplação. O Fabio imediatamente prostou-se sob o jato dagua despencando do alto, enqto o “Menino-Lobo” empolou-se perigosamente numa pedra, a altura considerável da cachu. Eu e os demais nos contentamos em apenas prestigiar aquele belo espetáculo natureba, principalmente pelo fato da agua estar tinindo de gelada! A queda em si deve ter algo de 30m mas decerto tem mais, pois consiste numa larga e espaçosa laje de pedra q faz um arco pro alto. Portanto é de se supor q seu topo seja bem mais acima do trecho avistável por baixo, e é por este motivo q imediatamente vi mta semelhança dela com a famosa Cachu da Pedra Lisa, atração do Pq Municipal das Nascentes de Paranapiacaba.
Retomamos a pernada algo de 15min depois, voltando á trilha principal pelo mesmo caminho. A descida então suavizou um pouco, mas manteve-se sempre acompanhando o rio pela esquerda. Mas não demorou a picada cruza-lo e, saltando de pedra em pedra, prosseguir agora pela margem direita, novamente com o terreno apresentando-se mais e mais íngreme. Andavamos agora pela beirada da encosta serrana, tendo o rio agora caindo bem mais abaixo, cavando cânions e despencando em meio a pedras e mais pedras, de tds os tamanhos e formas possíveis.
Num destes trechos encachoeirados percebemos uma discreta ramificação q aparentemetne levava a outra suposta gde queda avistada ao nosso lado, as 12:40hrs. Claro q abandonamos a principal e nos pirulitamos pela mesma, embora o ultimo trecho de acesso ao rio fosse no mais puro vara-mato íngreme e espinhento, onde to removendo lascas da mão ate hj. Mas q valeu a pena, valeu. Estavamos numa enorme lajona na base de duas enormes pedras q obstruiam o curso normal do Quilombinho, obrigando-o a prosseguir seu rumo atraves de uma bonita cachoeira (pela direita) e atraves de uma  fenda nas rochas q resultava num pequeno cânion (pela esquerda). Pausa pra fotos e mais contemplação, claro! Com direito ate a “dança break” (é isso mesmo?) da Vivi e do Fabio, e exploração da queda por parte da Vevê e do nosso Mogli tupiniquim. E o Totó? Bem, ele se divertia indo e vindo pra td lugar, alem de fazer carinha de coitado, “know-how” infalível com o único intuito de filar alguma comida de quem tivesse próximo.
Nosso tempo de permanência nesta ultima cachu foi menor em virtude da necessidade de alcançar logo o fundo do vale e ficar despreocupado qto o tempo necessário pra retornar. Afinal, o pernoite ali sem mato (embora com cachorro) estiva totalmente fora de cogitação. Prosseguimos então nossa jornada serra abaixo, sempre pela obvia e evidente vereda q agora acompanhava à distancia o Quilombinho. Sempre bordejando a encosta, percebemos q a vereda foi se afastando lentamente do rio, agora despencando ruidosamente a nossa esquerda, bem abaixo, ate o mesmo ficar quase inaudível. Pensamos q estivéssemos no rumo errado mas não; a trilha, apesar de mais confusa e repleta de bifurcações, realmente aqui acompanha o rio à distancia, pois o vale vai se abrindo aos poucos afastando-se do curso dágua principal. O destaque do caminho ficou por conta de uma arvore quebrada pela metade, com o tronco formando um “pórtico natureba” sobre a trilha.
Mas não demorou ao terreno novamente suavizar e se aproximar outra vez do rio, agora mais calmo e manso. E as 13:30hrs finalmente alcançamos a foz do Quilombinho, ou seja, o local (assinalado por uma pequena cachu) onde o rio palmilhado despeja suas águas no majestuoso Rio Quilombo. O GPS do Fabio assinalava exatos 400m de altitude, confirmando o respeitavel desnível percorrido ate então, q por sinal totalizava 13km terrivelmente acidentados. Felizmente ali era um local q eu conhecia de ocasiões anteriores e, ao redor de um belo poção de águas estupidamente geladas, nos presenteamos com uma demorada pausa pra descanso, tchibum e lanche. Afinal, tds estavam cientes q teríamos quase 600m ascendentes ainda pela frente!
Eu, Ricardo, Fabio e Lucas honramos o q tínhamos no meio das calças mergulhando (rapidamente) na água gelada. Já as meninas sequer quiseram saber de tchibum naquelas águas q tavam ate deixando o osso doendo, embora a Vevê fosse contemplada com um quase mergulho “forçado” na volta. Na sequência, o Fabio se pirulitou pra fazer fotografias pelas redondezas - fosse da paisagem, das trocentas aranhas ou das sujeirinhas q os bichos deixavam ali na margem - enqto a Vivizita cozinhava um suculento miojo; enqto isso o resto apenas lagarteava nas rochas, curtindo aquele bucólico remanso do Quilombo. E o Totó? Bem, o espivetado pulguento não tirava o olho do miojo da Vivi, do sanduba q eu comia, do chocolate da Vevê, do salgado do Ricardo e da granola do Lucas. Td ao mesmo tempo! Na verdade o Totó era uma draga devoradora de qq coisa, um saco sem fundo q comeu insaciavelmente mais (e melhor) do q eu.
As 14:45hrs iniciamos o árduo e duro caminho da volta. Como ali era um local q conhecia, abandonamos a idéia de retornar pelo mesmo caminho. Voltariamos por uma picada conhecida como “Trilha do Rancho 71”, por conta da existência perto dali de um acampamento desativado de palmiteiros e caçadores, dos qual apenas restam lonas plasticas, algum lixo e vestígios de camas e mesas improvisados com paus e galhos. O momento lacrimejante da trip ficou por conta de um cãozinho q encontramos entocado nas pedras, á margem do rio. Fraco, sujo, magro e tremendo de frio, provavelmente estava perdido ou havia sido deixado ali por alguem. Nos bem q tentamos tirá-lo da toca, sem sucesso, mas parecia q não tinha forças nem pra isso. E se tentássemos removê-lo corríamos serio risco de sermos mordidos, pois o bicho tava assustado ou quiçá ferido, sei lá. E agora, José? Com o tempo rolando, não podíamos permitir q a noite nos surpreendesse ali por conta do infeliz animal. Resultado: deixamos alguma comida com ele de modo a q isso garantisse alguma energia extra ao bicho, embora eu mesmo ache q não dure ali naquelas condições mais q uma semana. Paciência.
Pois bem, a partir dali iniciou-se uma forte e íngreme subida quase vertical q imediatamente ensopou nossos corpos, fazendo o suor escorrer pela ponta do nariz num piscar de olhos. A paso lento, porém constante, fomos lentamente ganhando e ganhando altitude. A Vevê foi quem mais sentiu o tranco da subida, q parecia não ter fim, mas retada e decidida não entregou os ptos e subiu no seu proprio ritmo até o fim. No caminho, enqto as frestas da vegetação revelavam a neblina tipica de final de tarde envolvendo o vale e impossibilitando qq tentativa de visu, o Totó nos alertava de um intruso, ou melhor, uma intrusa bem no meio da trilha! Uma robusta e vistosa caninana descansava preguiçosamente no caminho, e prontamente ficou em posição de ataque assim q nos viu. Logicamente q desviamos da bichinha, de modo a não obrigá-la a sair de sua zona de conforto. Mas claro, somente após uma saraivada de fotos, q quiça devam ter deixado cega a lustrosa peçonhenta.
E assim, devagar e quase parando, alcançamos os 950m do alto da serra por volta das 16:30hrs, mais precisamente as margens das nascentes de onde iniciamos a descida de rio, já no Quilombinho. O som do arfar da respiração ofegante foi substituído pelo aprazivel marulhar do regato misturada à algazarra dos bugio, ao longes, nalgum lugar do fundo do vale. Após um breve descanso e de beber litros do precioso liquido retomamos a pernada em definitivo, pra finalmente desembocar na Estrada do Taquarussu as 17:45hrs, com tempo suficiente de apreciar o sol repousar lindamente atrás da serra, a oeste. Antes, porém, topamos com a esdruxula cena dum alemão marombado pronto pra fazer o numero dois, ao lado da trilha! Mas q assim nos viu fez cara de paisagem fingindo estar apreciando a paisagem, embora ao redor nao tivesse nada a nao ser mato. "Eu estarrrr sentado apenas apreciando a naturrrreza!", disse o sueco (como depois soubemos),  provavelmente segurando o esfincter ate onde sua ferrenha vontade européia aguentasse.
Chegamos em Paranapiacaba pontualmente as 6:20hrs, no exato momento em q tanto o manto negro da noite qto as brumas se debruçavam sobre a vila inglesa, trazendo a tiracolo aquele friozinho gostoso típico de borda de serra. Desabamos no outrora tradicional Bar da Zilda estranhando o pouco movimento, onde mandamos ver inconsequentemente brejas pra molhar a goela e salgados pra forrar o estômago. Mas não tardou pra descobrir o motivo do pouco movimento assim q chegou a conta, estupidamente alta! Meu, R$ 7 uma breja?! Isso é preço de Vila Madalena! Ah, vai se catar! Portanto fica a dica aqui de fugir dos preços abusivos da Zilda. E olha q a primeira breja chegou ruim de choca e o atendimento é uma bosta. Pronto, falei. Dali pra casa foram quase dois palitos, embalados nos sonhos de Morpheus, claro! E o Totó, vcs se perguntam? O ingrato sumiu tal qual apareceu na nossa vida..
E dessa forma economicamente nababesca terminamos mais uma peripécia singular pelo Vale do Quilombo. Um circuito q teve de td um pouco: desde  surpresas naturebas como trilha na mata, cachu imponente, banho de rio e até cobra no caminho; assim como particularidades pitorescas e esdruxulas, tal como cia canina, pés descalços, cachorro perdido, sueco cagão e preço de breja mega-inflacionado! Pois é, são estes pequenos detalhes q tornam um simplório e prosaico bate-volta na serra numa aventura única e inesquecível. E se for pra considerar o numero de afluentes menos conhecidos e distantes do Quilombo q ainda devem ser explorados, façanhas e proezas por Paranapiacaba estarão ainda garantidas por um bom tempo.



O OVNI DE BIRITIBA-MIRIM  por   Jorge Soto

Situado no longicuo bairro da Terceira, em Biritiba-Mirim, uma gruta com salão de 50mts quadrados
desperta a atenção não apenas por suas características intrínsecas como tb pelo seu nome pitoresco.
É a “Gruta do Disco Voador”, uma enorme lapa situada ao sopé duma gigantesca rocha - supostamente
com formato de “disco-voador” - q além de possibilitar atividades supostamente “espeleológicas”
favorece tb a prática dum rapel negativo de 20m de altura. Lugar desconhecido porém de facílimo
acesso, este fds fomos conferir esse curioso atrativo situado no miolo do planalto de Mogi das
Cruzes, emendando à esta breve empreitada a travessia “BR 98 - Terceira”.

Imagem

Desembarcamos eu e o sempre pau-pra-td-obra Ricardo pontualmente na Balança as 9hrs naquele q quiçá
fosse o primeiro latão a circular naquela manhã fria e cinzenta pela BR-98, tradicionalmente
conhecida como Rod. Mogi-Bertioga. A incerteza das condições da vereda e, consequentemente, do tempo
de duração da travessia proposta até a gruta nos calçou de q qto mais cedo partíssemos de Mogi das
Cruzes, melhor. Em tempo, o passeio em questão á Gruta é breve e curto (algo de menos de 10
minutos!), porém o acesso ao bairro da Terceira sim q é difícil de logística, com escasso transporte
coletivo e de horários irregulares. Por este motivo decidimos alcançar este bairro distante por meio
de uma forma nada convencional: emendando sucessivas picadas a partir da BR-98 (Rod.Mogi-Bertioga),
visitar a Gruta e depois retornar pelo meio “oficial”, ou seja, de bus. Portanto ficam aqui os
agradecimentos ao Vagner Barbosa (http://exploracaoecotur.blogspot.com/) e Albino Cesar
(http://rumoselvagem.blogspot.com.br/) pelas dicas valiosas de acesso ao lugar, q auxiliaram (e
muito) na logística pra empreitada de uma forma geral.
Pois bem, após ajeitar mochila nas costas e trocar algumas palavras com uma galerinha mochilada no
posto da Balança q retornava frustrada da Cachu Elefante - o mau tempo impossibilitara o rapel por
eles planejado – nos lançamos ao asfalto naquele manhã bem borocoxô q certamente seria o q salvaria
o feriado! Sim, a súbita frente fria q surpreendera td região sudeste trouxe a tiracolo excesso de
nebulosidade mas - principalmente - muita chuva, frustrando os planos “montanheiros” de quase td
mundo, inclusive os meus. Mas como nem td tava perdido, resolvi ao menos honrar minha necessidade
habitual de “cheiro de mato” apelando pros meus “planos C, D e E”, cartas na manga q geralmente
consistem em bate-voltas pela Serra do Mar q podem ser realizados independente das condições
climáticas. Afinal, o único visu recorrente nesta frondosa serra é o verde onipresente da Mata
Atlântica! E foi aí q entrou a Gruta e a travessia, programas q estavam engavetados já a algum
tempo.

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Voltando então à trip q encabeça este relato, iniciamos nossa pernada mergulhando no asfalto com
determinação, enqto os finos respingos de chuva fustigavam nosso rosto. Deixamos então rapidamente o
km 77 q caracteriza o tradicional posto da Balança, pto tradicional de partida de muitas aventuras
pela região. O céu acizentado envolto em brumas úmidas q cobriam a cumieira dos picos ao redor
realmente não era a mais convidativa das paisagens, e isso se refletia no pouco trafego de veículos
pela rodovia. Das onipresentes, possantes e barulhentas motos indo e vindo, nem sinal. Realmente,
são poucas as pessoas q conheço q saem de casa nessas condições, q fogem da zona de conforto pra se
embrenhar num rolê incerto na mata mas com garantia de muita água pelo corpo. Felizmente o Ricardo é
uma dessas pessoas e nada melhor do q o retado rapaz pra me fazer cia nesta aventurinha dominical.
Abandonamos o asfalto após quase 2 ou 3km percorridos pra então tomar uma antiga via pela esquerda,
assinalada por uma decrépita cancela e uma enferrujada guarita metálica. Por ela seguimos
desimpedidamente sem maiores dificuldades, uma vez q consiste num velho estradão desativado q tanto
serviu pruma empresa de reflorestamento como pra construção de antigas tubulações. E q inclusive
ouvi boatos q servira últimamente pra desmanche de veículos. Daqui em diante nossa rota será
indefinidamente pra nordeste, e a bussola ficou então azimutada nesta direção. Surgem saídas o tempo
td de ambos lados, mas basta sempre se manter na principal. A principio, analisando a carta de Mogi
e Salesópolis, basta simplesmente se manter por esta via ate o fim q invariavelmente desembocaríamos
nos arredores de Casa Grande, nosso destino. E lá fomos nós.

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A esperança em manter os pés secos se diluiram assim q saltei as pedras afim de cruzar o Córrego do
Lobisomem, simpático curso dagua ao lado da antiga residência do Seu Geraldo. Um escorregão me fez
enfiar td canela na água, inutilizando por completo as supostas propriedades impermeabilizantes da
minha robusta Snake. Dane-se. Como dizem mesmo por ai mesmo? “Quem ta na chuva é pra se molhar!”,
né? Logo adiante, conforme adentrávamos mais no planalto, a estrada se estreitou de tal modo até
tornar-se uma larga vereda de terra cercada de mata, onde as vezes apresentava vestígios de seu
antigo calçamento de pedras. Nas baixadas, como era de se supôr, verdadeiros pântanos tomavam conta
do caminho, e a trilha sonora de td travessia se resumiu ao chapinhar das botas na água.
As 9hrs tivemos uma breve pausa sob os enormes rochedos formando uma toca a beira da trilha,
providenciando proteção da chuva. Ali arrumei algumas coisas q estavam expostas e não desejava q
ficassem umedecidas naqauele tempo maledito. Dando continuidade a pernada, cruzamos cuidadosamente
as toras de madeira (lisas feito sabão!) sobre o Córrego da Paca pra então emergir por um breve
momento nos campos abertos. Uma picada sai perpendicularmente pela esquerda e q imediatamente
reconheço como a vereda q leva á Pedra do Sapo, cujo respeitável serrote encontra-se totalmente
encoberto por espessa serração, assim como o imponente Pico do Gavião, cujo acesso cruzamos mais
adiante.

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Após mergulhar na mata e cruzar novamente o Rio do Lobisomem (q segundo Seu Geraldo tangencia a
vereda em mais de uma ocasião, mas esta info precisa ser confirmada na carta mesmo), as 9:45hrs
nossa rota cai numa bifurcação importantíssima com formato de “Y”. Aqui tomamos o ramo da esquerda,
q é o q nos interessa e vai na direção desejada, uma vez q o da direita já conheço doutras ocasiões
e leva a recantos interessantes como o Rio Sertãozinho, Represa Andes e, indo além, até as nascentes
planálticas do Rio Guacá! Esta picada sempre tive vontade de palmilhar e pra mim estar aqui tinha
gosto de novidade. E vamo q vamo, ne?
Pois bem, foi aqui q a vereda estreitou-se mais ainda e o mato começou a tomar conta do caminho. Na
verdade a picada ta bem batida embaixo, mas a vegetação tende a cair por cima dela. Por este motivo
fomos quase o tempo td enxugando a mata úmida a nossa frente, andando meio q inclinados com a cabeça
pra baixo e utilizando constantemente as mãos pra afastar galhos mais robustos q se interpunham
diante da gente! Alguns gigantes da floresta tb surgem tombados no caminho, mas nada q um
desviozinho básico não resolva, pois a trilha ta bem evidente, pisada e com vestígios de passagem
recente sob a forma de embalagens de gel energético! Não tem como errar! Foram poucas as ocasiões em
q o Ricardo teve q fazer uso de seu facão pro avanço prosseguir de forma satisfatória, portanto fica
a dica de q esta via está (no meu humilde entendendimento) em boas condições!

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E assim nosso avanço teve continuidade de forma inipterrupta e constante, sempre sentido nordeste!
As vezes a rota tendia pra leste ou oeste ao bordejar os morrotes no caminho, mas logo retomava
naturalmente a direção desejada, sinal q estavamos no caminho certo! A pouco (ou nenhum) desnível
torna a pernada agradavel, a sua maneira, claro! No caminho cruzamos pequenos córregos cristalinos
(inclusive acompanhamos um deles durante um tempo), um simpático laguinho a nossa direita e alguns
poucos (e pequenos) descampados. As 10:40hrs a trilha emergiu num enorme lajedão onde pensamos já
estar numa via asfaltada. Q nada, a picada apenas passava por cima de um enorme monólito de granito
enterrado pra depois se embrenhar novamente pela mata molhada, e isto ocorreu em mais outra ocaisão
mais adiante.
As 11hrs o canto metálico das arapongas avisava q havíamos alcançado as margens mansas do Rio
Sertãozinho, curso dágua q mais adiante despeja suas águas na Cachu Light e Cachu Furada, e q após o
asfalto da Mogi-Bertioga se junta ao Ribeirão Guacá pra então formar o majestuoso Rio Itapanhaú. Uma
ponte de madeira caindo aos pedaços e de integridade duvidosa nos separa da continuidade da picada,
e é a partir daí q avaliamos um lugar seguro pra cruzar o rio pela água pois pelo velho e decrépito
pontilhão, sem chance! Felizmente entrando na mata pela direita há um desnível baixo no barranco q
dá acesso a um banco de areia relativamente raso, mas q mesmo assim não impede de adentrar no rio
com água ate um pouco abaixo da cintura! Avancando devagar e tateando o chão com cuidado, ali
realmente era o local mais “raso” pra atravessar o Sertãozinho!

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Uma vez na outra margem, a pernada tem continuidade sem maiores problemas e aparentemte as condições
melhoram! A picada se alarga e vira um estradão coberto de grama q desemboca noutro com as mesmas
características! Aqui tomamos o ramo q toca pra esquerda, acompanhando o Rio Sertãozinho pela
direita, as vezes próximo as vezes mais afastado, mas sempre com o som audivel de suas águas
marulhando próximo da gente. A outra ramificação fica pra explorar numa outra ocasião, mas nossas
suspeitas sejam de q acompanhe o curso do rio, so q na outra direção.
Finalmente o estradão desemboca num lajedão por onde corre um pequeno corrego munido de uma captação
de borracha, sinal de civilização próximo. De fato, mais adiante há as ruínas de uma casa e, mais
adiante, outro casebre em construção onde uma placa no sentido contrario nos diz estarmos saindo de
propriedade particular. Eram ate então 11:15hrs e praticametne a travessia por trilha chegava ao
fim. Bastava agora dar continuidade a mesma atraves de estrada de chão ate o bairro da Terceira.
Tomamos então a maior estrada q surgiu na nossa frente e fomos indo, cruzando pela entrada de vários
sítios e chácaras no caminho. Interesante reparar q tds eles ostentavam um gde monólito de granito
no quintal. E pelo emplacamento, estavamos numa tal Estrada Municipal do Sertãozinho.

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Ao meio-dia caímos noutra estrada maior e, equivocadamente, tocamos pra direita. Mas como as
características da carta não conferiam com o q víamos (leste) a nossa frente, deduzimos q estavamos
no caminho errado. Sanado rapidamente o deslize voltamos e tocamos pra esquerda, ou seja, pro norte!
O mau tempo havia dado uma trégua e lentamente dava sinais de melhorar, embora o firmamento ainda
permanecesse envolto naquela nebulosidade opaca. Se estivesse limpo, de onde estavamos poderíamos
avistar as respeitáveis elevações do Pico do Garrafão e da Pedra da Esplanada, a oeste.
Pois bem, a pernada pelo estradão de chão pro norte transcorreu sem intercedencias. E assim, após
cruzar com as enormes tubulações da adutora q vem da Moóca com destino a Estação Casa Grande da
Sabesp (oeste), serpentear morrotes forrados de eucaliptos q abastecem a cia de celulose Suzano e
bordejar os remansos do córrego Gracianópolis pela direita, as 13:20hrs finalmente caímos na SP-92,
estradão de terra bem mais largo e batido q atende pelo nome de Estrada de Casa Grande! A partir
dali basta tocar pra direita algo de 3km, sentido o bairro da Terceira. Mas é preciso prestar
atenção as referências pra não perder a entrada da picada á Gruta! Ao nos deparar no km 86 com um
portão amarelo saindo pela direita com o emplacamento de “Sitio São João” e “Rancho Chico Tripa” é
preciso parar! Logo na frente desta estrada está a entrada da trilha, isto é, escancarada à nossa
esquerda. Obvia e bem batida, agora não tem mais erro chegar a Gruta do Disco-Voador!

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Mergulhamos então novamente por agradavel e simpática mata secundaria, primeiro em nível e sempre
pro norte. Após cruzar um córrego cristalino atraves de uma pinguelina improvisada artesanalmente, a
vereda desvia pra leste e começa a subir a encosta de um morro, primeiro suave mas depois com
ascenção forte! Em dias secos esta piramba deve ser facílima de subir, mas não é o caso hj; as
chuvas deixaram td liso e escorregadio, razão q basta dar um paso q se retrocede dois. Mas nos
firmando bravamente na farta mata em volta este desnível é logo vencido.
E finalmente, as 14:20hrs, nos deparamos com um gigantesco rochedo cravado no meio da floresta bem
na nossa frente! Não deu menos de 10min de trilha a partir da estrada e enfim estavamos diante da
Pedra do Disco Voador!!! E olhando bem praquele majestuoso monólito de granito podemos perceber
realmetne o motivo desse nome um tanto esdrúxulo. A pedra de fato parece um enorme “disco voador”
enfiado no morro após, digamos, um pouso forçado!! Me senti o Fox Mulder (acompanhado de uma Scully
trajada de Rambo!) diante daquele vestígio natureba-ufológico q desandei a clicá-lo de tds formas
possíveis, mas infelizmente nenhuma foto dá conta pra mensurar a grandiosidade dessa pedra q tb
guarda semelhanças com algum templo inca enfiado no meio da mata.

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Aparentente o conjunto “Pedra e Gruta do Disco-Voador” é composto por 3 gigantescas rochas: a
primeira é a maior de tds e coresponde ao “disco”, e esta acomodada sobre td conjunto. Com formato
arredondado na parte visível (o resto ta enfiado no morro) e altura de mais de 20m, seu topo esta
recoberto de td sorte de bromélias. A segunda rocha é a q dá suporte e base à primeira, com um
trecho plano onde é possível bivacar tranquilamente com certo conforto. E uma terceira rocha, a
menor de tds e abaixo de tds estas, q parece meio q mocada no morro, ao lado da trilha pirambeira
percorrida e de onde há uma fissura da qual volto a falar em breve.
Pois bem, após os cliques nos munimos de lanternas e headlamps e fomos “explorar” a tal Gruta do
Disco-Voador! É preciso deixar claro q de gruta não tem nada (acho) pois a “caverna” em questão nada
mais é q o vão (ou fissura) entre a parte baixa da primeira gde pedra, acomodada entre o chão de
terra do morro, e a segunda e terceira rochas!!! Não sei se, espeleologicamente falando, isso
configura como caverna ou gruta, mas tai uma resposta pralguem entendido dizer. Pois bem,
contornando a boca maior da gruta pela esquerda temos acesso, mediante escalaminhada, a parte baixa
da primeira pedra. A partir dali é preciso rastejar feito calango profissa e se espremer um tanto
entre o chão de terra (molhada e, portanto, enlameada) e a porosidade do granito acima da gente!
Mas num piscar de olhos caímos no tal “salão” ou”galeria”, q não deve ter mais de 50m quadrados e
além de td é baixo, tanto q uma pancada na cabeça me lembrou dolorosamente pra andar inclinado o
tempo td. De resto, não tive o privilegio de me sentir abduzido por estar ali no interior de um
“OVNI”, mas o lugar não deixa de ter um charme do outro mundo.

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Fachos de luz rasgaram a escuridão aqui e ali e acabaram focando um “alienígena” no pedaço, sob a
forma de uma minúscula pererequinha no maior sono. Bem q tentamos fazer contato imediato de 3º grau
com aquele pequeno ser, mas a danada não quis nem saber da gente. Vai ver achou a raça
humana-trilheira indigna de sua atenção, diante daqueles inusitados “homens-de-preto-com-botas-e-mochilas” .
Ou vai ver ainda não atingimos um estado evolutivo decente pra comunicação. Vai saber. O minúsculo
anfíbio nos ignorou mas depois nosso interesse se voltou prum estreito caminho por onde vinha luz
natural e corria um pequeno córrego “subterrâneo”. Avaliando bem foi ai q percebemos q ali era a
fissura q tinhamos visto antes de chegar ate ali, resultante da junção da terceira pedra com o
trecho de morro q guarda a trilha. Bem q quissemos sair por ali, mas so de ver o quão enlameado
emergiríamos da rocha nos dissuadiu a retornar pelo mesmo caminho da ida.

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Voltamos então a entrada da caverna e ali, no lajedão plano (com sinais de fogueira recente) nos
brindamos com um bom descanso, um lanche e td isso embalado com a gratificante sensação do dever
cumprido! Na sequencia retornamos pela trilha, dando adeus aquele belo monumento de rocha pura e,
num piscar de olhos, caímos na Estrada de Casa Grande. Caminhamos então mais uns 3km e estacionamos
no único boteco q devia ter ali, q parecia ser o “centro” do bairro da Terceira, q tem algumas casas
esparsas e uma igrejinha. Eram exatamente 15:30hrs e fomos informados q o latão so passaria as
18:30hrs!!! Putz! Como não estavamos nem um pouco afim de andar quase 15km ate Biritiba-Mirim nos
conformamos em esperar td esse tempo, so precisávamos nos manter ocupados ate lá. O Ricardo resolveu
dar uma de ornitólogo profissa clicando os passarinhos locais, enqto eu fiquei ali, prostrado no
boteco, bebericando umas brejas e secando td material umedecido no inicio do dia. Alem do mais,
tratei de interagir com os bebuns locais q me diseram q o bairro ganha esse nome por corresponder á
“terceira” região coberta pela adutora da Sabesp. Entre outras particularidades, um folheto
escancarado na porta anunciava a candidatura dum tal Vagner Bodão prometendo transformar a Gruta do
Disco-Voador em atração turística oficial do bairro!



O tempo, infelizmente, parecia não passar naquele fim de mundo! A td hora olhava o celular e via q
estavamos ali parados naquele limbo mogiano, padecendo de algum tipo de penitência numa espécie de
purgatório atemporal. Olha, da trip daquele domingo o perrengue não foi nem a chuva, nem o frio, nem
o mato e nem os carrapatos... foi a espera daquele maledito buso pra nos tirar dali! Portanto fica a
dica de vir com tempo e paciência pra encarar este longo chá-de-cadeira! Mas eis q finalmente o
bendito passou pontualmente, e assim embarcamos numa sacolejante viagem feita sob os braços
acolhedores de Morpheus!

Uma hora depois saltávamos em Biritiba-Mirim, onde nos prostramos no asfalto afim de tomar condução
pra Mogi das Cruzes, trip feita num intermunicipal lotado, mas de freqüência bem maior q o anterior.
Desembarcamos do latão por volta das 21hrs na capital mogiana, onde ainda tivemos q amargar a
tediosa dobradinha trem e bus, dando sequencia aquela desgastante camelação q parecia não ter fim.
Mas e daí? Prum feriado prolongado aparentemente desperdiçado até q havíamos saido no lucro. Emendar
uma travessia serrana pelo planalto mogiano a um atrativo de ordem “ufológica” é coisa pra poucos,
quem sabe escolhidos a dedo até por seres do outro mundo. E pensando bem, tem coisas q a gente só
acredita vendo. Mesmo q sejam atrativos naturebas e pitorescos como a Pedra e Gruta do
Disco-Voador. I want to believe!

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